non opus est excitare

Acordo de manhã e leio o meu livro, abro as janelas e deslizo por entre os feixes de luz provenientes delas. Cantarolo uma harmonia que vem habitando a minha cabeça nos últimos tempos e cumprimento os meus vizinhos. O meu coração está leve e o tanto de amor que tenho para dar não se lhe encontra espaço suficiente. O mundo nunca fora tão belo.

Acordo de manhã e bebo o meu café, abro as janelas e deslizo por entre o vento gélido que escapa sorrateiramente por elas. Coloco uma música ambiente e aceno para os meus vizinhos. O meu coração palpita levemente e o tanto de amor que tenho para dar não se lhe encontra conforto o suficiente. O mundo nunca fora tão curioso.

Acordo de manhã e encaro o meu teto, abro as janelas e observo por entre o nevoeiro que por elas é transparecido. Sussurro uma canção de embalar e escondo-me dos meus vizinhos. O meu coração anseia levemente e o tanto de amor que tenho para dar não se lhe confia o suficiente. O mundo nunca fora tão limitador.

Acordo de tarde e procuro nos cantos pela minha presença, deixo as janelas fechadas e observo as gotículas da chuva a colidir nos vidros. Sinto o silêncio e tranco as portas de casa. O meu coração verte-se levemente e o tanto de amor que tenho para dar não se lhe parece o suficiente. O mundo nunca fora tão solitário.

Acordo de noite e o vazio acoberta-me, tentando diminuir o som da trovoada que sinto ressoar pelas janelas já há muito seladas. O ruído sobrepõe-se e eu tranco tudo a meu redor. O meu coração parte-se levemente e o tanto de amor que tenho para dar não se lhe vê futuro. O mundo gira, gira e gira.

E eu acordo parada no mesmo lugar.


- ciclo vicioso

Comentários

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

florida!!!

primeira cassete

em ruína