primeira cassete
Parte Frontal
(um)
Fumo na varanda
Uma mão nas cordas e outra no cigarro
Conversamos sobre a rotina enquanto ela abranda
Vítimas da arte e de todo o seu amarro
Indivíduos pensativos e com pouca fé
Fazemos da nossa conversa um desabafo
Do ciclo, da perda, com uma xícara de café
Pobres coitados, vítimas do embaraço
(dois)
Procuro sentido nos pequenos significados
Nas pessoas que não conheço, nos lugares onde nunca estive
Talvez este seja o limite dos meus pecados
Não me conter, agarrar e corromper o que me cative
Porém o meu coração aperta a cada batida
Pois é questão de sorte contar com quem vai e com quem fica
Estás do meu lado e desejo agarrar-te com força a mão
Por te encarar como pecado e desejar-te em perdição
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Parte Traseira
(um)
Uma gota, um copo, um vaso
Não se equivale à embriaguez dos últimos meses
Por onde passei, limpei, deixei tudo raso
Aclamando pessoas e usando-as várias vezes
Estive bêbada em palavras e atos
Ao ritmo da paixão que não sentia chegar
Perdi-me no limbo de apatia e encontrei-me em pedaços
Até sentir a tua alma, o teu controle, a me largar
(dois)
Tenho saudades da minha inocência,
Banhá-la em batismo no meu rosto
Agora, nesta vida, perdi a sua essência
De chamá-la de minha, de não encará-la com desgosto
Presa, sinto-me presa
Nos gritos que não saem e que não ouço
Sinto-os perdidos, numa chama quase acesa
Enquanto a sopro, apago e a vida me sabe a pouco
(uma coletânea de poesia entre esboços)
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