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A mostrar mensagens de junho, 2023

em ruína

Um, dois, três… Alcanço os pedaços de vidro e mancho a parede com o sangue, sentindo a sua textura na ponta das minhas unhas. Não creio que o sangue seja meu, mas de alguma forma veio parar às minhas mãos. Estas que alcançam os meus ouvidos e procuram abafar o ruído, banhando a minha face em falsa inocência.  Será que se eu gritasse, alguém escutaria as minhas preces? Naquela casa de papel, as marcas e o barulho sempre passaram despercebidos entre sorrisos de falsa esperança , desejando que um dia os mais próximos se apercebessem e viessem em nosso resgate. Eles colhem aquilo que semeiam , deviam pensar. Eu estou a colher a infância que não fora protegida, pois entre ternura e violência, batidas e passos são o suficiente para fazer o meu corpo estremecer. A minha ansiedade tornara-se uma mera fragilidade, invocada somente para não tolerar a repressão do silêncio e sufocar-me quando o barulho atinge as grandes escalas, visto que isso na minha cabeça só poderia significar duas coisas...