químicos

Branco delimita todo o meu espaço
A minha angústia, o meu cansaço
A clínica nunca me pareceu tão pesada
Pergunto-me se a minha aparência de agora se assemelha ao tão mero nada

A minha cabeça repousa no ombro da minha mãe
''Respira'', é uma palavra que dela advém
E eu suspiro, encarando as pessoas e os seus problemas
Sentadas, não sabendo que virão a transformar-se nas ilustrações dos meus mais novos poemas

No consultório a minha pele é arrancada em retalho
A médica procura uma resposta e exerce o seu trabalho
A terapia é um privilégio, recebe quem a paga
Então o que acontece àqueles cuja vida lhes saiu cara?

Não querem descartá-los para a escuridão das ruas frias de outono
Garantir-lhes veracidade quando admitirem que foram todos encaminhados ao abandono
Deixando-lhes assim como última hipótese escutá-los e estender a mão
Aceitar os químicos, as instruções e não propor uma outra solução

Eles estão a ajudar-me
Mas também estão a afundar-me

Prometi que seria uma melhor pessoa
Gritar tudo aquilo que na minha alma ecoa
Mas o meu corpo continua à vossa mercê
A euforia, ambiciono-a, mas ainda me impeço de tudo que ma dê

- quem sou eu, se não a minha reflexão?



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