da mesa de jantar
A brisa percorre o seu caminho por entre as frestas da persiana. A janela está aberta, disposta à exposição das nuvens no céu diurno e os meus dedos delineiam a circunferência superior do copo vazio à medida que observo o ecrã bloqueado do meu telemóvel. É meio-dia, e a mesa de jantar nunca estivera tão solitária como agora. Encaro a garrafa a metade e recordo os motivos pelos quais me levaram a sentir este nó tão apertado na garganta. Pela manhã, havia acordado sozinho no quarto de hotel e ficara a aguardar pela tua presença em cima da confusão de lençóis, contudo, com o tempo passando lentamente, nunca chegaste a aparecer. Onde estavas? Não deixaste nenhuma mensagem e, por mais que a minha mente traiçoeira insista em verificar as notificações, eu sei que não me enviarás uma explicação. Mas tudo bem, eu compreendo. É assim que acabam por passar dias, semanas. É assim que acabo a ouvir sempre o ressoar da cadeira ao que a arrasto para me sentar à mesma...